Errância
Rafael Pimenta
De tanto dar tempo ao tempo
E hesitar em silêncio
Oscilar, vagar à toa e vagar devagar
Me desdobrei vário em gestos
E saltos sem alvos precisos
Sonos perdidos
Quem busca um pouco de alento
No som do instrumento
E vê jorrar da alma um pedaço de si
Nunca prevê que se possa fazer
Do tormento uma luz
Bela força motriz
Ao passo de um certo instante
Avançar vacilante, adiar
Rendeu-me ideias confusas, ruins
São tortuosos caminhos
E pulos sem pouso
Medidos por improviso
Quem busca um tanto de alívio
Um remédio ao vazio
E faz seu mundo inteiro extinguir-se, ruir
Não pode crer que se possa erguer
Desse impulso, a ilusão
Bela força motriz
Sobe a cortina e a abre um clarão
Na inconstância do coração
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