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exibições de letras 24

Agnus Dei

Keco Brandão

Hoje vejo em mim olhos de quem vê
Com um outro olhar
Cético, caótico e fatal
Mesmo sem saber que é possível ser
Quântico e total
São e salvo, náufrago no Caos
Quem por qualquer um dirá
Que a fé pode mover
Montanhas de ouro e sal
Renegar ao que se crê
É não fazer valer
O sórdido poder de um mundo desigual

Cego por não crer, surdo por não ver
Mudo por não ter
A palavra certa, essencial
Mas só vem a mim trôpego Latin
Embriagador, ostensivo e amoral

Por quanto tempo não sei
Súditos de um falso rei
Ávido Agnus-Dei
Que me enredou falível e mal
Por tanto tempo, agora eu sei!
Fora de mim, fora da lei

Hoje vejo em mim olhos de quem vê
Com o próprio olhar
Vívido, convícto, real
Vem no alvorecer mágico poder
Por se revelar
Fúlgidos lampejos do Graal

Conceber é o dom que constrói
Renunciar é a dor que não dói

Se a metade soubesse do poder que age
E habita em nossas mãos
Brilharia em meio a escuridão
Pra reluzir, refletir e apontar
Com precisão
Imperfeições do coração
Que não percebe
O que a gente oculta e finge
Que não sente nada pra não se mostrar
Não deixar nosso coração voar
E pousar nos Confins

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